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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Seminário da CRB debate sobre o sagrado e o profano

Teóloga propõe que religiosos sejam testemunhas de tempos novos

Na manhã, deste domingo, 26, o Seminário para a Vida Religiosa Consagrada, que acontece em Itaici, SP, teve como assessora a Irmã Bárbara Bucker, mc, da Equipe Teológica da CRB e professora de Ética Cristã, PUC- RJ.

A sua exposição retomou os temas dos dias anteriores ressaltando alguns aspectos como o possível descompasso entre a teologia e a vida, o modo de pensar Deus e a vida do povo; o fato de não estar só, mas em fraternidade e a exige uma aprendizagem constante.

Destacou, ainda, a importância de pedir a Deus um “coração pensante”, capaz de captar o seu o mistério, um coração atuante, apostólico, decidido. Tudo isso para qualificar o Ser e unificar a missão da Igreja fruto de um coração pensante, atuante e enamorado.

Ao abordar o tema do dia “Testemunhas de tempos novos”, Ir. Bárbara falou sobre a denúncia. Esta mostra o que não deve existir, que é contrário ao desígnio de Deus, que é não comunhão com Ele. Deus quer a vida de todos em abundância e isso implica o investimento da energia, do tempo e da disposição de cada pessoa.

O mundo criado por Deus e co-criado por seus filhos e filhas exige a vocação de ser pão e alimento. Isso pode diminuir as distâncias criadas pelos humanos e acentuar o esforço de comunhão para construir o santuário do “nós”. O filho de Deus na encarnação traz essa mensagem.

A assessora interpelou os participantes com os seguintes questionamentos: “Estamos tão seguros/as de que a secularização tem somente sentido negativo de um mal a ser evitado? Há na secularização, aspectos importantes para a Igreja e a vida religiosa?” Em seguida, propôs uma interpretação do “secular” que está, segundo seu modo de perceber, mais de acordo com a revelação bíblica, e que permite descobrir o sentido positivo da secularização, essencial para o futuro da vida religiosa.

Irmã Bárbara enfatizou que Jesus não foi um sacerdote no estilo do Antigo Testamento, mas foi um leigo com uma profissão conhecida em Nazaré. Um “Mestre” que convoca discípulos não para estudar a Lei, mas para anunciar o Reino de Deus como um dom que se oferece quando se ama o próximo.

 O próximo, nesse caso são especialmente os marginalizados, excluídos, doentes, necessitados de perdão e da misericórdia de Deus.
Assim a atividade secular se torna “parábola” de como se constrói o Reino de Deus e se forma e envia à comunidade de discípulos missionários para a salvação do mundo. A partir disso, todos são formandos e formadores numa relação mútua.

Para captar o positivo da secularização, se faz necessário “reordenar” as categorias do “religioso e secular”, do “sagrado e do profano”. Assim se clarifica a vocação profética da Vida Religiosa como “testemunhas de tempos novos”. Na revelação bíblica não há profanidade, mas é a liberdade humana rebelde à criação divina, que se coloca em oposição a ela.

O que distingue a vida religiosa da laical não é o caráter “sagrado”, mas o caráter da relação. A relação é consigo, com outro, com Deus, com o mistério. É importante considerar que, a profanação do sagrado pode dar-se tanto no âmbito do religioso (pecado de simonia) como no secular.

 A teóloga desafiou a assembleia a repensar suas categorias de sagrado, pois se pode correr o risco de julgar o outro pela aparência, sem conhecê-lo através da relação, isso exige uma postura de aprendizagem com o outro. 

Bucker finalizou dizendo que vocação cristã de estar no mundo e não ser do mundo segue sendo uma exigência do Evangelho. É uma vocação para viver o penúltimo com referência ao último e não para considerar o secular como alheio ao religioso, porque a sacralidade humana vivida pela obediência à ação sagrada de Deus abraça o secular e religioso, o penúltimo e o último.

O futuro da Vida Religiosa não vem do Direito, mas do Evangelho. “Todas/os nós, religiosos/as do mundo, deveríamos ter muito claro que o nosso futuro vai estar na sensibilidade concreta e efetiva que nós tenhamos pela dor e a humilhação dos mais infelizes desta Terra”, conclui citando o teólogo José Castillo.

Missão é tornar-se hóspede na casa dos outros

Na continuidade, padre Estevão Raschietti, diretor do Centro Cultural Missionário em Brasília, destacou as tarefas que pontam um modelo de Vida Consagrada Missionária.

Para Raschietti a missão faz parte da natureza de Deus, aquilo que Ele realmente é. Por isso a missão vem antes das congregações e da Igreja. Ela é maior e é de Deus, deve anunciar um mundo mais humano.

 Os religiosos estão no meio do mundo para, “salvar a presença de Deus”, para torná-lo mais humano. A partir desse olhar, surge um impulso interior que se chama gratuidade. Ao tornar-se missionário a pessoa torna-se parte da essência da vida divina.

A formação para o discipulado acontece na missão e não vem antes dela ou depois. Dessa forma se faz necessário organizar as comunidades a partir de projetos comuns. O desafio é procurar fazer a missão comunitariamente, construir a comunidade na missão. Onde tem conflitos comunitários, segundo Raschetti, é porque existem vários projetos comunitários e se fala a partir de vários projetos diferentes. Uma comunidade apostólica existe a partir da missão. Daí que a missão implica uma saída, lançar-se com consciência dos desafios.

De acordo com o assessor, há uma conversão missionária em torno da saída de estruturas e práticas. O envio missionário é uma ruptura com modelos sistêmicos. A pergunta a ser feita é: há mais alguma coisa para fazer? A missão é isso: não se pode ficar no mesmo lugar com as mesmas estruturas, as vezes estruturas muito mais imaginárias que reais.

Sair de si para entender as cruzes e os crucificados, significa adesão a um projeto de mundo global mais justo e solidário. Precisa-se sair e encontrar o outro e a alteridade, a missão é continua saída sem fim. Tornar-se hóspede na casa dos outros, o próprio dela é ser acolhido pelo outro, deixar de ser dono para ser hóspede. Fazer-se tudo a todos!

Padre Estevão, finalizou dizendo que a missão, é colocar-se no limiar das fronteiras, conta com uma consagração e por isso, os religiosos são missionários por excelência. Não se vai como turista para uma missão, mas para a vida toda, caso contrário não é missão. Esse desafio gera um diálogo, um encontro intercultural e interreligioso. Mas para que tudo isso seja realmente efetivo não pode ficar no âmbito da fala. A ação efetiva é ser testemunha do Evangelho!

Fonte: Assessoria de Imprensa da CRB

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